A tecnologia busca alternativas para enfrentar os desafios impostos pelo regime de isolamento social. A distância física, consequência socioeconômica da quarentena, é um desafio para as políticas públicas. A pandemia de covid-19 tem causado ainda medo, incertezas e restrições à circulação. Um estudo, no entanto, aponta que intervenções digitais podem reduzir sintomas de doenças de saúde mental.
A pesquisa do Centro para Saúde Mental Urbana da Universidade de Amsterdã demonstra que abordagens, com atendimento via aplicativo ou por meio de páginas na internet, têm sido efetivas em casos de depressão e uso de substâncias, mesmo em países com poucos recursos. “Nosso estudo pode encorajar a promoção de ajuda psicológica digital para aqueles que convivem com problemas de saúde mental, durante e depois da pandemia”, explica o professor Claudi Bockting, que lidera o trabalho.
As tecnologias digitais redefiniram as rotinas globalmente, inclusive para o campo da psicoterapia. Os pesquisadores da área se adaptam, por sua vez, ao formato digital que emerge para complementar o tradicional cuidado pessoal. O conceito de saúde mental digital já está presente em ferramentas para tratamento nos países da Europa. E isso se aplica, mais do que nunca, a emergências globais como a da pandemia.
Cuidados com as crianças e foco na educação
O estudo levou em consideração dados levantados no Brasil e em vários outros países. Os pacientes também foram recrutados a partir de unidades de saúde, como hospitais, e de instituições de ensino, como universidades e escolas. Foram investigados os resultados de pacientes com casos de depressão, abuso de substâncias químicas, estresse pós-traumático, vício em internet, e crises de ansiedade.
A pesquisa reforça a necessidade da utilização de recursos tecnológicos em diversas áreas do conhecimento social. A Universidade de Amsterdã recomendou intervenções digitais até para regiões em que há carência na atenção pública para a saúde mental em geral. É, por isso, preciso que essas inovações sejam integradas ao cotidiano desde a infância. Isso favorece a universalização dos benefícios dessas novas técnicas.
A aprendizagem na Educação Básica cumpre uma função crucial para ambientar os alunos com as práticas digitais. Se crianças e adolescentes já estiverem habituados com o uso dessas ferramentas, as vantagens trazidas pelas inovações serão assimiladas com mais facilidade. É permitido considerar, a partir do trabalho dos pesquisadores holandeses, que as consequências para o cotidiano das novas gerações transcendem a áreas da saúde e do ensino.
Contudo, o acesso à web exige precauções por parte dos responsáveis. O Centro para Saúde Mental Urbana alerta para os potenciais riscos da tecnologia digital, principalmente para o perigo de ampliar as desigualdades na distribuição dos tratamentos para pacientes em condição de vulnerabilidade social ou que não conseguem lidar facilmente com a internet, como idosos e crianças.
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