Os anos finais da Educação Básica são decisivos para a formação dos alunos. Por isso, os especialistas no processo de aprendizagem na infância e na adolescência têm dedicado tantos esforços para aprimorar a grade curricular do Ensino Médio nos últimos anos.
Algumas mudanças realizadas têm contribuído para aumentar a autonomia dos estudantes e para diminuir a lacuna entre as vivências escolares e o dia a dia no mercado de trabalho e na vida adulta. O objetivo é que o trabalho com os conteúdos e as atividades sigam justamente essas tendências.
No entanto, ainda são muitas as dúvidas a respeito das recentes alterações no planejamento para esse segmento. Para ajudar nessa tarefa, é sempre interessante ouvir mais os especialistas. Neste texto, você poderá conhecer algumas sugestões da professora Silvia Panazzo.
Silvia é pós-graduada em Tecnologias da Aprendizagem e graduada em História e Pedagogia. Além disso, é autora de materiais didáticos de História para o Ensino Fundamental e tem uma longa experiência em sala de aula com a disciplina nesse segmento e no Ensino Fundamental.
Aproveite a leitura e tire todas as suas dúvidas!
O conjunto de mudanças recentes para os últimos três anos da Educação Básica é conhecido como reforma do Ensino Médio. A partir das alterações propostas pelo poder público, ainda em âmbito nacional, os governos locais e as instituições de ensino privadas tiveram que se adaptar.
As duas medidas que causaram mais impacto no cotidiano das redes pública e particular foram a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a entrada em vigor do Novo Ensino Médio. As duas ações são complementares e têm muitos objetivos em comum.
“É uma construção que deve ser entendida como processo, mas serão muitos os ganhos. Mesmo quando a gente não acertar de primeira, até se houver alguma derrapada, as coisas vão se ajustando”, antecipa Silvia. Portanto, o corpo docente não precisa se assustar com as novidades.
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Com a pandemia do coronavírus, o isolamento social e outras dificuldades sociais, políticas e culturais, o contexto não tem ajudado na adequação das escolas aos novos paradigmas. As dificuldades não têm sido pequenas. Mesmo assim, o corpo docente vem demonstrando resiliência.
Muitos professores se questionam sobre o objetivo prático das mudanças. As dúvidas se estendem também para os gestores e coordenadores que trabalham com o Ensino Médio. Com o intuito de deixar o cenário menos nebuloso, a professora Silvia sintetiza as intenções da reforma:
“Criar um curso que garanta aprofundamento e desafios cognitivos. E que mobilize os estudantes para isso que a BNCC e que a reforma do Ensino Médio, de maneira mais geral, estão apontando: a questão do protagonismo, para que o aluno seja um construtor mais autônomo do conhecimento.”
Confira abaixo as principais alterações!
Em vez de criar um currículo pautado pelas disciplinas, a escola deve fazer um planejamento de olho nas habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos alunos. O conjunto mínimo dessas capacidades que devem ser estimuladas no Ensino Médio compõe a formação geral básica.
“O desafio de criar um currículo [pautado] por competências e por habilidades não é uma coisa simples. Nós, como professores, temos que mudar a chave daquela prática mais ancorada em conteúdos conceituais. Agora, a gente abraça tudo isso, mas sem abrir mão da parte conceitual.”
Para alcançar essa autonomia, os estudantes deverão escolher as disciplinas que gostarão de acompanhar: são os itinerários formativos, cursos ligados às áreas de interesse dos alunos que as instituições de ensino públicas e particulares deverão oferecer. Silva cita um caso esclarecedor:
“Se há bastantes alunas e alunos com a vontade de seguir carreira na área de saúde e a escola tiver outro grupo grande interessado em Comunicação, você pode ter um itinerário formativo que abarque a parte de corpo humano, Química e Biologia e outro que dialogue com as linguagens.”
A reforma também prevê que a carga horária será ampliada. Essa decisão fez com que os governos estaduais, responsáveis pela promoção do segmento, adotassem medidas para alcançar o tempo mínimo exigido pelo Ministério da Educação. O mesmo aconteceu na rede privada.
A intenção é aumentar a oferta de ensino em tempo integral no país, inclusive durante o Ensino Médio. “Não existem receitas, o que há são caminhos. Também já estão disponíveis materiais que podem ajudar os profissionais das escolas a percorrer essa trajetória”, explica Silvia.
Durante a elaboração da BNCC, houve muita discussão sobre a exclusão de disciplinas como Filosofia e Sociologia. Os debates geraram recuos na intenção de tirar esses conhecimentos da grade curricular. Ainda há espaço para que esses temas sejam trabalhados, como Silvia afirma:
“Já trabalhei em um colégio em que havia uma demanda muito acentuada dos alunos e das alunas do Ensino Médio por seguir carreiras do Direito. Ali, um dos itinerário formativos poderia ser ‘Direitos Humanos e a Construção da Democracia’, algo que dialoga diretamente com as Humanidades.”
Se a dúvida com relação à flexibilidade do currículo persistir, Silva dá uma dica: “Professores e gestores, conhecendo a realidade da escola, devem ofertar itinerários ou disciplinas eletivas conectadas com aquilo que os estudantes mais demonstram familiaridade, interesse e curiosidade.”
A principal maneira, encontrada pela BNCC, de promover a interdisciplinaridade nas escolas é criar cursos que não estejam fixados em apenas um campo de conhecimento. Os itinerários formativos no Ensino Médio cumprem esse papel ao reunir conteúdos que, tradicionalmente, não dialogam entre si.
Trabalhar com conteúdos didáticos mais flexíveis vai auxiliar no processo de adaptação da comunidade escolar. A tecnologia será uma aliada. Os itinerários formativos, no entanto, não podem ser oferecidos sem que sejam observadas todas as diretrizes do Ministério da Educação.
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