Matriz Curricular x Grade Curricular: qual é a diferença?

março 30, 2021 | Publicado por .

O volume de conteúdo na Educação Básica exige programação. A escola precisa se preparar para trabalhar os diversos temas com os alunos, sem perder de vista o período certo em que as atividades devem ser desenvolvidas. É para isso que existem a Matriz Curricular e a Grade Curricular.

As disciplinas não podem ser tratadas como discussões abstratas, sem conexão com a vida real dos estudantes. Somente quando os educadores compreendem que as matérias estão diretamente relacionadas à forma como acontecem as exposições em aula é que o conhecimento floresce.

Tanto a Matriz quanto a Grade Curriculares cumprem essa tarefa. Ao observar a disposição dos conteúdos no ano letivo, as famílias e os alunos conseguem entender a programação para o período. O corpo docente também se organiza a partir das indicações que constam nos documentos.

Tomar conhecimento sobre o assunto não é uma ação restrita a quem trabalha com educação, trata-se de algo importante na rotina das instituições de ensino. A aprendizagem em comunidades escolares que sabem como são estruturados os dois documentos tende a ser mais eficiente. 

Mesmo com as novas abordagens educativas e as soluções digitais voltadas para esse setor, é preciso se orientar por essas diretrizes. O quadro de funcionários da escola como um todo se guia pelas indicações para poder planejar as atitudes a serem tomadas nas diferentes áreas e segmentos.

Há, contudo, muita confusão em torno desse tema. A Essia reuniu algumas explicações importantes que você precisa conhecer quando o assunto é Matriz Curricular. Também preparou dicas sobre Grade Curricular e comparou os dois documentos. Então, aproveite!

O que é Matriz Curricular?

Regras criadas pelo Ministério da Educação fornecem as orientações para as escolas desenvolverem a Matriz Curricular. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), por exemplo, indica quais são as atitudes que as instituições de ensino devem adotar para redigir e colocar em ação o documento.

A Matriz Curricular é um texto que precisa ser planejado, escrito e executado pelas escolas. Serve como ponto de partida para o desenvolvimento dos alunos e leva em consideração a realidade da escola e todos os componentes curriculares que integram cada segmento do ensino.

É interessante reforçar que a Matriz Curricular integra o conjunto de esforços do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição. Na rede particular, há autonomia para a redação do documento. Os colégios públicos precisam seguir as diretrizes das autoridades de educação.

De acordo com os apontamentos do Governo Federal, a sua elaboração tem que estar conectada com o contexto local mais direto, na rua e na comunidade em que a escola está inserida. Mas é preciso também haver uma vinculação com o país, porque o ensino promove a identidade nacional.

O que é Grade Curricular?

Ao início de novos ciclos, os educadores precisam planejar como será a relação dos conteúdos com o tempo. Ou seja, de que forma as disciplinas vão dividir as matérias previstas para aquela série nos bimestres ou trimestres. Muitos professores quebram a cabeça para alcançar esse objetivo.

A Grade Curricular tem caráter pragmático e atende a essa necessidade imediata do corpo docente. Ao relacionar o calendário com as atividades que precisam ser cumpridas ao longo do ano letivo, o documento organiza como serão as aulas. É, portanto, um aliado para o professor.

Ao fixar os conteúdos que precisam ser trabalhados em determinado período, a Grade Curricular colabora também para que os responsáveis entendam a organização e acompanhem o que acontece com os alunos. Por isso, deve haver transparência quanto ao planejamento. 

Essa estabilidade contribui também para que o processo de aprendizagem flua da melhor maneira possível. Cumprir as etapas predeterminadas faz com que o desenvolvimento de crianças e adolescentes seja gradual. A autoconfiança e a segurança na escola favorecem a formação. 

Qual é a diferença entre os dois conceitos?

Inicialmente, vale destacar uma discussão teórica. Essa breve apresentação da Grade Curricular serve para contextualizar os limites dessa ideia e os desafios com que os educadores se deparam na aplicação em sala de aula. Isso será útil ainda para a comparação com a Matriz Curricular. 

A palavra grade traz a ideia de contenção, de aprisionamento. Como já foi reforçado, o objetivo desse documento é fixar as etapas em que cada assunto será tratado com os alunos ao longo do ano letivo. Assim, o conceito tem sentido. No entanto, especialistas já revisam essa perspectiva.

Para os pesquisadores, a educação deve ter como horizonte a liberdade. A missão dos professores deve ser fomentar a autonomia e a independência entre crianças e adolescentes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Por isso, o uso da expressão Grade Curricular não é aconselhável.

A partir do que foi exposto, é possível fazer diferenciações. A Grade Curricular é mais estável e fixa, muito mais difícil de ser alterada no curso de um ano. Em contrapartida, a Matriz Curricular diz mais respeito a valores e propostas que norteiam as atividades das instituições de ensino.

Dessa forma, a Matriz Curricular tende a ser mais maleável. No entanto, todos esses fatores estão diretamente ligados ao dia a dia da escola. A realidade local é levada em consideração pelos gestores e pela equipe pedagógica durante a elaboração de ambos os documentos.

Entenda as diretrizes apontadas pelo MEC

Para colocar tudo isso em prática, é necessário entender até onde vai a liberdade de cada instituição. As normas são definidas pelas autoridades do país e precisam ser conhecidas por todos os atores da comunidade escolar, principalmente aqueles que têm formação na área da educação.

Saiba quais são as atribuições das escolas diante do currículo escolar abaixo.

É possível modificar a matriz curricular escolar?

O Ministério da Educação já definiu a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). As discussões sobre os parâmetros mínimos para a educação no Brasil se estendeu por toda a última década, mas a sua sanção faz com que a comunidade escolar tenha que se adaptar ao novo documento. 

As diretrizes da BNCC tem como foco os segmentos da Educação Básica. Em outras palavras, da Educação Infantil ao Ensino Médio, todos os alunos serão afetados pelas mudanças propostas por esse texto. Os educadores, os demais profissionais e as famílias também devem estar atentos.

As regras, contudo, definem que cada instituição da rede particular tem independência para definir as suas perspectivas educacionais e as suas linhas pedagógicas. Já com relação ao ensino público, são os estados que têm a autonomia para decidir as orientações para as aulas em cada série.

O que é o modelo STEAM?

A BNCC incentiva que as disciplinas sejam abordadas de maneira mais integrada. Assim, é possível adotar outras perspectivas, como o STEAM, sigla que quer dizer Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática em português).

Baseada em projetos, essa proposta permite que Ciências Exatas sejam tratadas com o aluno sem que haja barreiras entre as diferentes matérias. O modelo STEAM permite ainda conexões com o campo das Ciências Humanas e costuma ser mais instigante para os estudantes.

É um exemplo de que o currículo pode ser adaptado para que o processo de aprendizagem com as turmas seja bem-sucedido. Mas a liberdade dos professores deve ser mantida e eles podem encontrar outras abordagens para alcançar essa transdisciplinaridade.

É importante conhecer o que são a Matriz Curricular e a Grade Curricular. É imprescindível compreender os conceitos para que os objetivos finais das escolas sejam atingidos: participar do desenvolvimento dos estudantes e fazer com que crianças e adolescentes dominem os conteúdos.

Conheça os principais desafios da educação na atualidade

As adaptações curriculares são desafios com que os educadores se deparam atualmente. Ministrar aulas e apresentar atividades conectadas com a realidade das turmas são preocupações comuns entre os professores e gestores de escolas. É preciso estar atento às inovações nesse campo.

A Essia preparou um artigo com os principais obstáculos que precisam ser superados por quem trabalha na educação hoje em dia. Existem problemas rotineiros, aparentemente pequenos, mas que impõem empecilhos diários e atrapalham o andamento do ensino. São dilemas constantes.

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