Letramento digital: o que é e qual a importância no ensino?

janeiro 26, 2021 | Publicado por undefined.

Os adultos raramente notam, mas o ato de enxergar algo é o resultado de uma longa construção. Tornar reconhecíveis ao olhar tudo o que está em torno de crianças e adolescentes também é uma missão das escolas. O letramento digital é uma das formas de incentivar o olhar crítico dos alunos.

Atualmente, a maior parte do conteúdo a que os estudantes têm acesso é digital. A internet fez com que mais informação circulasse. A faixa etária atendida pela Educação Básica é ainda mais conectada e está atenta às novas tendências da tecnologia. 

No entanto, nem tudo que está na internet é confiável. Os educadores assumem a tarefa de ajudar crianças e adolescentes a lerem e interpretarem as mensagens presentes em seus contextos. A colaboração da comunidade escolar como um todo, e dos responsáveis em especial, é essencial.   

Para estimular a atitude mais ativa dos estudantes, a instituição de ensino precisa se dedicar a todas as formas de letramento, inclusive o digital. Não basta saber ler, é preciso compreender os processos que compõem os elementos da vida social. Com a tecnologia, isso se torna mais complexo.

É intenso o ritmo de inovações no mundo atual. Soluções digitais são desenvolvidas para facilitar o cotidiano, mas não podem ser assimiladas sem questionamentos. Conhecer como essas ferramentas funcionam pode impedir que os usuários cometam erros ou sejam agentes de desinformação.

A Essia preparou uma lista com dicas para que os educadores incentivem o letramento digital entre os alunos. São sugestões práticas, que identificam as dificuldades nesse processo e propõem ações para simplificar as medidas tomadas pela escola no dia a dia do ensino. Aproveite e boa leitura!

O que é o letramento digital?

É preciso conceituar o que é letramento. O termo tem sido muito utilizado por especialistas, mas ainda há dúvidas entre os professores a respeito da sua aplicação na prática. Existem ainda confusões com outros conceitos parecidos, como é o caso da palavra alfabetização.

Letramento digital deve ser entendido como o processo que oferece aos alunos a condição de usar as ferramentas que permitem acessar ambientes virtuais e, ao mesmo tempo, ter conhecimento acerca das dinâmicas que estão envolvidas nesses softwares. É preciso ter uma perspectiva crítica.

Os alunos que atravessam esse processo de letramento digital são capazes de entender de que forma aparelhos, dispositivos móveis e os sistemas neles inseridos funcionam. Não se trata de uma visão técnica, mas da capacidade de enxergar a conjuntura em que foram criados e suas finalidades.

Quando os usuários não adotam essa visão mais ampla a respeito da tecnologia, é mais comum que ocorram equívocos. Desde erros pontuais, ligados ao funcionamento dos aparelhos ou a vírus, até questões políticas e sociais de maior influência, como os casos de fake news ao redor do planeta.

Letramento digital x Alfabetização digital: qual é a diferença?

 

 

 

A confusão mais comum, que atrapalha o entendimento sobre o que é letramento, é com outra expressão parecida e até mais recorrente: alfabetização. A incompreensão tem consequências para a aprendizagem dos alunos a respeito de como se relacionar com o mundo virtual.

A grande diferença é a capacidade de desenvolver um olhar mais criterioso. No caso do letramento digital, crianças e adolescentes precisam ser instigadas a ter mais curiosidade e desconfiança quando estão diante de alguma ferramenta tecnológica. Essa postura mais ativa é muito positiva.

A alfabetização digital é um processo mais restrito, que fornece aos estudantes a capacidade de utilizar essas inovações no cotidiano. É um conhecimento instrumental que, embora não seja desimportante, apresenta uma perspectiva mais superficial. Em outras palavras: é saber usar.

Existe, inclusive, um campo de pesquisas que se dedica ao letramento digital: é a educomunicação. Os especialistas que pesquisam essa área identificaram a importância de fomentar o olhar crítico dos alunos durante o período escolar. A Educação Básica cumpre um papel fundamental nisso.

Qual é o posicionamento da BNCC sobre o tema? 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que oferece as diretrizes para a educação em todo o país, também reforça a importância do letramento digital no processo de formação durante a Educação Básica. O tema é destacado logo nas competências gerais do documento:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”   

O texto parte de um pressuposto muito relevante: dominar as ferramentas tecnológicas é uma condição necessária para se comunicar atualmente. Não se trata de um conhecimento acessório, mas de algo que atravessa todas as disciplinas e será imprescindível na vida adulta dos estudantes.

Outro fator que merece ser sublinhado nessa competência geral é a cultura maker. Ou seja, a disposição que as novas gerações têm de criar, a partir das plataformas disponíveis, novas ferramentas que possam ser inclusive utilizadas no processo de aprendizagem.

Vantagens do processo de letramento digital para o aluno

A partir das indicações de documentos oficiais e de especialistas em ensino, é possível apontar os principais benefícios de dar prioridade ao letramento digital durante as aulas. É importante destacar, contudo, que isso depende do engajamento de todos os professores.

Como a tecnologia é algo transversal nas disciplinas da Educação Básica, os educadores de todas as matérias podem contribuir para o desenvolvimento das habilidades com as novas ferramentas. Ciências Exatas, Humanidades, Língua Portuguesa… Todos podem colaborar de alguma maneira.

A participação traz vantagens para o processo de aprendizagem que têm desdobramentos perceptíveis para toda a comunidade escolar. A Essia separou três desses benefícios na relação abaixo. Continue a leitura e saiba mais!

Aumenta o engajamento em sala de aula

Um dos grandes desafios para os professores é manter a atenção das turmas durante as exposições. Os estímulos, hoje, vêm de todos os lados — e as novas tecnologias, tão abordadas pelos especialistas em letramento digital, têm uma função importante nesse cenário.

Apostar em propostas tradicionais, que se baseiam na oratória do educador e em anotações no quadro, pode não ser o suficiente para prender a atenção de alunos que estão conectados vinte e quatro horas por dia e que recebem um fluxo intenso de informações pelos dispositivos móveis.

Em vez de enxergar os smartphones como inimigos durante as aulas, é preciso identificar todo o potencial que esses aparelhos têm para promover o processo de aprendizagem. Esse é um exemplo de percepção que é incentivada pelas práticas de letramento digital.

Estar conectado ao universo dos estudantes permite que os professores utilizem referências que são compartilhadas pelas turmas. Em última instância, até o uso da linguagem da internet pode aproximar os estudantes do conteúdo trabalhado em sala de aula.

Desenvolve o pensamento crítico e estimula a criatividade

O conhecimento meramente instrumental inibe a criatividade. Isso acontece em diversos segmentos. Somente quando certo domínio sobre algum assunto é alcançado é que passa a ser possível pensar em inovações. Na infância e na adolescência, esse processo é ainda mais necessário.

Nessa fase do desenvolvimento, as capacidades cognitivas evoluem e, se estimuladas, alcançam níveis muito altos. Combinar o pensamento crítico com a visão mais ampla acerca dos temas em que estão envolvidos é muito favorável para a formação dos alunos. Isso promove a inventividade.

O letramento digital deve ter dois objetivos. De um lado, trabalhar pela construção de turmas críticas, preparadas para enxergar as limitações das ferramentas que utilizam no dia a dia. De outro, a partir desse conhecimento, incentivar a criatividade durante os períodos da infância e da adolescência.

O Brasil é um país desigual, mas ainda assim é grande o número de estudantes com o perfil heavy user no país — usuários que passam muitas horas navegando por aplicativos. Nas escolas particulares, o recorte social dos alunos facilita um investimento maior em letramento digital.

Fortalece a autonomia do aluno

Um dos princípios da educação contemporânea é a autonomia dos alunos. São muitos os indicativos de que os estudantes que sabem desfrutar da liberdade oferecida pelas instituições de ensino conseguem rendimento melhor. Isso deve vir acompanhado do senso de responsabilidade.

As turmas somente podem ser autônomas quando tiverem consciência dos riscos que correm e da importância de se dedicarem aos assuntos trabalhados em sala de aula. A perspectiva adotada pelos educadores que apostam no letramento digital leva essas inúmeras nuances em consideração. 

Para que se tornem empoderados e autônomos no processo de aprendizagem, crianças e adolescentes devem estar preparados para lidar com o mundo virtual. Cada vez mais escolas investem em tecnologia para acompanhar o ritmo acelerado da vida atual.

No entanto, são vários os perigos reservados pelos ambientes digitais. Desde os grandes movimentos de desinformação, que afetam até a democracia, até vírus e vazamentos de dados pessoais. Por isso, o uso consciente das ferramentas exige o esforço dos profissionais de educação.

Como incentivar o letramento digital na escola?

O Blog da Essia tem a preocupação de sempre dar dicas práticas aos educadores. Embora as discussões conceituais sejam imprescindíveis para fundamentar os alicerces do processo de aprendizagem, muitas vezes faltam orientações mais diretas, ligadas à rotina escolar.

O caso do letramento digital é um exemplo disso. A despeito de os professores conhecerem o conceito, muitas vezes faltam indicações para nortear a prática com os alunos em sala de aula. Pensando nisso, foram selecionadas três dicas para facilitar a vida dos educadores.

Aproveite as sugestões abaixo e entenda de que forma o conceito de letramento digital tem implicações decisivas no dia a dia do ensino!

1. Aplicar uma educação interdisciplinar

Todos precisam estar envolvidos no letramento digital. O trabalho é iniciado ainda no ambiente familiar: os primeiros contatos com o mundo virtual geralmente acontecem dentro de casa. É ali que os aparelhos estão mais disponíveis. A atenção dos responsáveis, dessa forma, deve ser redobrada.   

Em contrapartida, a equipe pedagógica precisa estar em sintonia para conseguir promover o letramento digital. Essa não é a meta de apenas uma disciplina. Todas as matérias, de uma maneira ou de outra, estão relacionadas ao mundo virtual atualmente e precisam explorar essa condição.

Por isso, uma abordagem transdisciplinar ou interdisciplinar é determinante para que seja alcançado o sucesso. Se o interesse por incentivar uma visão crítica das ferramentas digitais for de apenas um professor, é muito mais difícil chegar a bons resultados.

É importante haver coesão nas medidas tomadas nesse sentido. Os gestores podem acompanhar o desempenho do corpo docente e dar orientações para que esse trabalho seja entendido como uma prioridade pela comunidade escolar como um todo. A coordenação também é essencial para isso.

Manter uma boa comunicação é o primeiro passo. A partir do diálogo dos professores, é mais fácil identificar assuntos de interesse comum. Planejar aulas que estabeleçam convergências entre diferentes áreas do conhecimento e que explorem o tema da tecnologia é uma dica interessante.   

2. Trazer a tecnologia para o cotidiano de estudos

Não é mais possível ignorar a presença da tecnologia na vida das novas gerações. O consumo de várias modalidades de serviços depende, hoje, de aplicativos. Esses sistemas, com interface simplificada, são acessíveis por meio de dispositivos móveis.

Isso facilitou o processo de universalização dos aplicativos que não se restringem a áreas como o comércio digital ou o transporte individual. A pandemia do novo coronavírus tornou ainda mais necessário o uso de novas plataformas também para a educação.

Ignorar todo o processo de desenvolvimento dessas ferramentas, que levou décadas até chegar ao estágio atual, é um erro que não pode ser cometido pela comunidade escolar. Não se adaptar às oportunidades oferecidas por essas inovações pode fechar portas para os professores.

A tecnologia tem muito a acrescentar ao cotidiano de estudos. O trabalho dos educadores não precisa ser inserir as inovações na rotina: as turmas, naturalmente, já trarão novidades, que aparecem em listas na internet ou até nas centrais para download de aplicativos de cada celular.

A tarefa passa a ser, portanto, acompanhar o uso, indicar os melhores sistemas e, principalmente, fomentar a capacidade de avaliar riscos e benefícios entre os próprios alunos. O trabalho passa a se aproximar mais ao de um curador, encarregado da seleção e da monitoria.

3. Disponibilizar os equipamentos e materiais necessários

Existe uma importante questão estrutural por trás de um ensino preocupado com o letramento digital. Para ajudar a desenvolver a habilidade dos alunos com as novas plataformas, não é possível tratar o assunto de maneira abstrata. As aulas precisam ter caráter prático.

As turmas precisam ter acesso a ferramentas confiáveis, que possibilitem exercícios que estimulem, simultaneamente, a prática e a perspectiva crítica a partir de dispositivos e aplicativos. Quando os professores podem fazer demonstrações em sala, o conhecimento tende a florescer com facilidade.

Por exemplo: as Ciências Humanas podem tratar sobre fake news de maneira abstrata, com notícias ou relatos em livros. Mas se os educadores ilustrarem as explicações com aparelho em mãos, tudo fica mais concreto. O assunto debatido se aproxima da vida real.

Desenvolvedores têm se esforçado para apresentar soluções digitais que incentivem o processo de aprendizagem. Existem softwares com diferentes propostas e que pretendem atender públicos diferentes. Há, assim, inovações voltadas para professores, estudantes e gestores.

É preciso conhecer as particularidades dessas ferramentas para entender como cada uma pode contribuir para o letramento digital. Como existe uma profusão de novidades, os gestores precisam estar antenados. Isso tende a ampliar a conexão de escolas com crianças e adolescentes.   


Ao lidarem com a tecnologia, as escolas não podem se contentar com uma abordagem superficial. A proposta de letramento digital tem a intenção de aprofundar os conhecimentos sobre o que gira em torno de ferramentas que são utilizadas pelos alunos. Nesse caso, conhecer também é se proteger.

Conheça 8 plataformas e aplicativos que são úteis para o ensino!

O letramento digital é uma tarefa que envolve toda a comunidade escolar. Como não é possível tratar das ferramentas digitais apenas com abstrações, é imprescindível conhecer as principais alternativas de plataformas e aplicativos que já estão disponíveis.

A Essia é uma plataforma para conteúdo didático digital que reúne volumes de editoras reconhecidas no mercado, mas que proporciona a estudantes e educadores uma experiência integrada e inovadora. É imperdível para quem pretende estimular a criatividade na instituição de ensino!

Neste blog, você acompanha iniciativas bem-sucedidas para a educação. É um espaço para troca de experiências entre profissionais da educação que se interessam pela aplicação da tecnologia no processo de aprendizagem.

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